No sábado é que as formigas subiam pela pedra.
Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho.
De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana.
No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que é sábado de tarde.
Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais.
Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã.
Domingo de manhã também é a rosa da semana.
Não é propriamente rosa que eu quero dizer.
Texto extraído do livro "Para não Esquecer", Editora Siciliano - São Paulo, 1992.
Clarice Lispector:
Kelly, você tem um bom gosto de ter posto um texto de Clarice Lispector, pois ela foi uma grande mulher e sempre realista. Cada dia seu blog está "massa" ^^ gosteei.
ResponderExcluirBeijos&Cheiro!
obrigado Udi!
ResponderExcluiré sim Clarice é mesmo uma grande mulher adorei a historia de vida dela!sem falar das belas cronicas dela que são profundas!